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3% | 1x01 - Capítulo 01: Cubos


Um sci-fi para chamar de nosso. 

Quando surgiu em 2011 como um projeto independente e experimental, o piloto da websérie 3% tinha uma ambição admirável e parecia trazer luz para um gênero um tanto quanto esquecido pelas ficções científicas contemporâneas: o das distopias. Eu queria dizer aqui que os cinco anos que separam a primeira tentativa de emplacar a série ajudaram na sua formatação, mas infelizmente já dá para sentir só por esta nova apresentação que nas próximas semanas inúmeras comparações serão feitas a Jogos Vorazes e cia. ilimitada. No entanto, 3% consegue ser bem mais promissora que qualquer uma das cópias caídas que tomaram as livrarias e salas de cinemas após o sucesso estrondoso da saga de Katniss ao assumir um perfil narrativo que se aproxima bem mais da obra máxima de Aldous Huxley, o queridinho Admirável Mundo Novo, do que dos livros de Suzanne Collins.

Ambientado num Brasil distópico divido em duas regiões, o Continente - pobre e escasso de suprimentos vitais - e o Maralto - rico e infalível em sua estrutura social -, a história destaca o Processo patrocinado pela cúpula da região rica para permitir que os jovens do lado sofrido passem para lá e possam usufruir de todas as maravilhas que eles possuem. Acontece que nem tudo são flores e uma célula terrorista, intitulada a Causa, suspeita de que todas as máximas pregadas pelo Maralto são fachadas para um propósito sombrio e mortal.

Sem dar muitos spoilers, podemos adiantar que o novo piloto segue de perto a estrutura da série original no que tange à apresentação do Processo, expandindo os conceitos iniciais de forma bem-vinda e até surpreendente. A direção de César Charlone, parceiro de longa data de Fernando Meirelles, confere o mesmo tom realista e asséptico da websérie, criando quadros pontuais que só poderiam ter saído das mãos de um fotógrafo responsável por títulos como Cidade de Deus e Ensaio Sobre a Cegueira. Meu único problema aqui é com o desenho de produção, que aí sim se inspira levianamente no colorido de Jogos Vorazes para ressaltar o tom futurista da trama. A visão dos jovens vestindo um cinza chapado durante o Processo nos websódios de 2011 era bem mais sedutora e ácida do que a vista caricatural do Continente, que só acha cor justamente nas roupas dos seus residentes.

O elenco, encabeçado pelos excelentes João Miguel e Bianca Comparato, é outro ponto positivo de 3%, prometendo carregar muito bem a história. A surpresa de fora fica a cargo da novata Vaneza Oliveira, que transforma sua Joana na jovem mais interessante a entrar na concorrência por um lugar no Maralto. E garanto, receber um elogio desses quando a maioria do elenco jovem consegue surpreender positivamente é um feito e tanto.

Ainda teremos sete episódios para decretar que 3% é sim o exemplar definitivo para tirar o véu que cobre o Brasil acostumado com as séries mais do mesmo do selo Globo. Com a sombra da gigante Netflix dando a liberdade necessária para os criadores, parece que vem muita coisa boa por aí. Eu estou confiante e pronto para o binge-watching mais tupiniquim do ano! Simplesmente imperdível.
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